quarta-feira, 4 de abril de 2007

Europa, Europa...

Há quem diga que se está pronto para entrar na universidade, quando se está a terminar o curso e eu dou-me conta de que é verdade. Na brincadeira, o que eu costumava izer aos meus amigos é que a vantagem dos 6 anos de medicina era, precisamente, o tempo a mais que tínhamos para nos darmos conta disso e ainda podermos gozar a faculdade, antes de sairmos. Entretanto, como tudo tem o reverso da medalha, eu ainda estou a acabar o curso e já todos os meus amigos estão a trabalhar... Que se há-de fazer?!

Isto para dizer que, actualmente, sempre que venho a Lisboa, venho estudar para a Torre do Tombo com a minha mãe, porque sempre tenho alguma companhia. Antigamente, juntávamo-nos e íamos estudando am várias bibliotecas pela cidade universitária, segundo o apetite, ainda que estudássemos coisas diferentes.

Pois bem, cá estou eu na Torre do Tombo (TT para os amigos), labutando pela vida. Mas como agora é hora de almoço, dedicar-me-ei a contar-vos algo que me chamou a atenção.

Entre o os dias 2 e 5 de Abril decorre na Faculdade de letras uma Conferência sobre a Regional Studies, na Europa e nos EUA. Passei uma vista de olhos rápida pelas coisas expostas, como cão por vinha vindimada. Entre os diplomas de assistência que esperavam se recolhidos pelos seus respectivos donos, havia nomes de todos os cantos da Europa e outras paragens. Quando saí do recinto da faculdade, deixei-me estar numa esquina da escadaria principal, observando as pessoas que acabavam de sair da dita conferência. Desde pequena que é um deleite par os meus ouvidos e os meus olhos ver este género de coisas. Estrangeiros, dos quatro cantos do mundo, conversando, discutindo asssuntos importantes entre si, trocando experiências, negociando, aprendendo, convivendo em paz. Sei que o mundo não é assim. Sei que a realidade é bem diferente, mas talvez por isso aprecie tanto estes pequenos eventos. A diplomacia é algo que muito me atrai, mas sou demasiado ingénua para poder participar de algo assim,

Sou uma patriota (que é bem diferente de ser nacionalista) e desde que emigrei para Espanha, ainda que temporariamente, fiquei-o ainda mais. A beleza da vida está nas suas diversidades e é espantoso como num cantinho tão atarrancado como a Europa consegue haver tamanha variedade de línguas e culturas.

Por vezes, sinto-me confusa, como que meio perdida. Sei o que quero da minha vida: exercer a minha profissão com dedicação, construir uma família grande e ter a qualidade de vida que a natureza me pode oferecer num sítio fora das grandes e confusas cidades, mas suficientemente perto delas para poder usufruir daquilo que elas têm de realmente bom. Tal é possível! O que me baralha é esta minha fatal atracção pelo que é exótico, diferente daquil que sou e que conheço.

Se a minha juventude fôsse eterna, viveria um par de anos em várias cidades europeias e não só, simplesmente pelo prazer de as conhecer. Ainda vou a tempo de fazer isso, mas é uma opção de vida que, a longo prazo, não me faria feliz, por me obrigar a abrir mão das outras coisas que, para mim, também são importantes na vida.

Outro dia, alguém me surpreendeu perguntando-me: «Como é que uma rapariga viajada como tu, quer ir enterrar-se na Covilhã?». “Enterrar-se” pareceu-me uma expressão um nadita forte. Já não estamos na infância da minha mãe, em que ela demorava um dia inteiro para ir de Lisboa à Covilhã, num daqueles comboios a carvão, que lhe deixavam o rosto todo negro quando ela espreitava pela janela... É, meus maigos,pode ser incrível, mas naqueles tempos ainda existiam pérolas destas! Se não fôsse ela a contar-mo, não acreditaria!

Por outro lado, sou uma rapariga viajada, mas não tanto assim, Tenho as minhas experiências, entre viagens e emigração e adoro-as. Mas uma coisa é viver fora do teu país e outra, bem diferente, é viajar...

É verdade que quanto mais conheço além fronteiras, mais quero conhecer. Quanto mais palavras aprendo em italiano, alemão ou franc~es, mais vontade tenho de saber as mesmas em russo, hebraico ou chinês, mas desgraçadamente não sou sobredotada e portanto, tenho de ordenar muito bem as minhas prioridades. E o pior de tdo, é que praticamente não conheço Portugal! Fui até aos confins da Europa, visitei os fiordes noruegueses, a Veneza do norte (Estocolmo, para quem não saiba), o país dos Nokia e a fronteira entre o que conhecemos por Europa ocidental e Europa de leste, mas não vi quase nada deste nosso belo jardim à beira-mar plantado. Isto não pode ser!

Enfim, a Covilhã parece-me uma cidade com o tamanha adequado para não ser uma parvónia, nem um inferno e suficientemente perto dos grandes centros urbanos portugueses. Vou tentar a minha sorte por lá e logo se vê. Se não gostar, paciência, mudo de poiso. Em Lisboa, é que eu não quero ficar! Nasci e cresci aqui, adoro a cidade para passear, mas não temnada a ver com o estilo de vida que quero levar...

Por vezes, sinto-me como o nosso velho Cesário Verde, completamente dividida no coração, entre o atractivo espaço aberto que é o mundo e o meu pequenino universo familar, do qual poderei escapar de vez em quando. Num prato da balança, equaciono a vontade que tenho de mandar tudo ás malvas, pôr uma mochila às costas e cair no mundo. No ourto prato da balança, ponho algo importante que o conforto físico de uma casa, ponho a família e as raízes que todos temos e deveríamos ter. Porque uma vida de aventuras também cansa e é muito ingrata no seu final, principalmente se não tivermos com quem a partilhar.

Como patriota que sou, não desejo que o meu país, em território, em autonomia e em cultura, seja absorvido pelos outros. Contudo, não vejo a Comunidade Europeia como um mal, antes sim, como um belo projecto. Custou-me abrir mão dos nossos belos escudos, mas é um prazer ter práticas com um alemão e estudar em Espanha, sendo eu portuguesa. Quando fui para Cádiz, ainda tive de comprar pesetas e fazer contas à vida, para ter uma noção dos preços. Agora, tudo é mais fácil e este verão pude passar 33 dias por toda a Europa sem usar um passaporte.

Não sei onde terminarei. Falo em ir para a Covilhã, mas a vida dá muitas voltas e é uma caixinha de surpresas muito matreira. Digo-o por experiência prórpia! Seja como fôr, aminha fé em que tudo acontece por uma razão, facilita-me um pouco a vida mas só um pouco, porque nem sempre aquilo que queremos é o melhor para nós, num determinado instante).

Vi com prazer as imagens das comemorações dos 50 anos do nascimento do que é hoje a comunidade Europeia. Creio que tenho hipóteses de assistir ao 100º aniversário do Tratado de Roma e dizer aos meus filhos, orgulhosamente, que ainda nasci no século passado (o meu século favorito, apesar de todas as desgraças que aconteceram) e que ainda sou do tempo em que Portugal aderiu a esse projecto inovador chamado, na altura, CEE.

Entretanto, o futuro é uma incógnita! Pode ser que o século XXI seja ainda mais fascinante do que o século XX...

PS: A comunhão e a rivalidade saudável dos vários países é interetessante e bonita. No passado Mundial de Futebol (Alemanha 2006), deu-me raiva ver a nossa selecção ser derrotada pelos franceses novamente por penalties e revoltei-me ao vê-la levar porrada das holandeses, mas assistir aos jogos nos bares e cafés, com os amigos e os “ininmigos”, foi deveras divertido e emocionante.

2 comentários:

João Francisco disse...

Faz um interail e ias curtir. Dá para ter a pequena ideia de como a europa é pequenina e afinal nem somos assim tão diferentes uns dos outros. Mesmo os países mais a leste, como Eslovénia, Hungria e Polónia. A Alemanha é já ali! É engraçado ver-se isso. Talvez seja pela nossa diferença a nossa força. Ao contrário dos EUA, por exemplo. Gosto de ser europeu e posso mesmo dizer "ainda bem que nasci na europa". Beijinhos e boa escrita

Anónimo disse...

o mundo nao tem cantos...é redondo!!! ahahah