segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Uma questão de hormonas

Toda a vida se ouviu os homens falarem do síndrome de tensão pré-menstrual, de como as mulheres ficam afectadas naqueles períodos do mês pelas hormonas e de como eles necessitam uma paciência de Jó para lidar connosco. Ok. Ridicularizam-nos com isso, mas temos de admitir que isso tem um fundo de verdade. Acontece que a realidade não é bem como eles a pintam, isto é, nós não somos puros animais obedientes às flutuações hormonais e nem todas as mulheres sofrem desse síndrome. Além do mais, também eles são bastante influenciados pelas hormonas, começando pela velha história de "espalhar a semente", a eterna desculpa para pularem a cerca. Ainda outro dia tive uma interessante troca de ideias com dois colegas da faculdade sobre o assunto. É uma daquelas discussões que nunca acaba, porque a "guerra dos sexos" é eterna. De momento, prefiro não aprofundar muito esse ponto, pois daria pano para mangas.

Seja como fôr, há uma coisa que não se pode negar: há espécimens do sexo oposto que nos fazem perder o controlo! São aqueles homens ou aquelas mulheres cuja embalagem exterior (o seu corpo) é deslumbrante para os nossos olhos e nos ofusca o discernimento, pois comportamo-nos como se nos esquecêssemos de que também há que olhar para o conteúdo dessa embalagem. Isso não tem nada a ver com hormonas! É uma complicada e ainda não esclarecida questão química. Pois bem, eu nunca fui daquelas adolescentes que colavam recortes de revistas por todo o quarto com fotos dos seus "ídolos masculinos", embora houvesse quem não me deixasse indiferente. Acontece que, até agora, não havia nenhum homem para quem eu olhasse e me fizesse sentir que perderia o controlo. Ai, meu Deus... Há uns tempos atrás, descobri-o! E ironia do destino, renova o significado de deus romano, não fosse ele um italiano nascido em Roma. Admito que se este homem olhasse para mim como um homem olha para uma mulher, eu teria bastante dificuldade em me manter sóbria no meio da súbita subida dos meus níveis de feniletilamina. Para quem não sabe e segundo o meu professor de Sexologia (cadeira opcional na minha faculdade de medicina espanhola), esta é uma substancia cuja concentração dispara no nosso corpo, qual endorfina extasiante, quando estamos naquele maravilhoso processo de nos apaixonarmos. Mas o que é que faz, realmente, com que se dê esse "disparo químico" (provavelmente, o equivalente à flecha do cupido)? Isso, creio que ninguém sabe... E valerá a pena descobrir? A curiosidade é muita, mas... não será melhor desfrutar dessa encantadora sensação, em vez de lhe retirar toda a magia, estudando-a num balãozinho de laboratório? Bom, de qualquer forma, não me parece que isso explique a complexidade do amor entre duas pessoas. Quanto muito, explicará a atracção física. Sim, porque eu não me apaixonei por esse deus romano... E já agora, ele tem nome. Procurem no google imagens de Raoul Bova e depois digam-me o que acharam. ;)

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Por que é que é sempre preciso um título?!!!

Há momentos na vida em que somos obrigados a fazer coisas que não queremos, mas nem por isso deixamos de pensar naquilo que desejamos. São momentos difíceis. O nosso corpo está num sítio e a nossa cabeça e o nosso coração, noutro.

Apesar de tudo, a alma continua livre. A minha, pelo menos. Não gosto de me sentir presa ou obrigada e não admito que nada nem ninguém tenha a veleidade de querer controlar-me, dominar-me. Por isso, a monotonia do quotidiano não conseguirá ofuscar o brilho dos meus olhos, a vitalidade que me corre nas veias, nem mesmo em dias como o de hoje, em que me sinto rebentar pelas costuras com tantas ideias e desejos que trago dentro de mim. A vida é muito mais do que as simples responsabilidades do quotidiano e ignorar isso é como desperdiçar o mais valioso de todos os presentes: o simples facto de existir. Quando se anda por um hospital cheio de gente doente, a inconsciência do tesouro que é a vida torna-se numa negligência ainda mais horripilante.

Em anos de mudanças radicais, de transições de uma etapa da vida para a outra (como aquele que vivo neste momento), não consigo ficar indiferente às emoções que sinto e o ram-ram do dia-a-dia é como uma corrente de chumbo, pesada, que nos ata os pés e nos dificulta a marcha (semelhante às dos desenhos animados). Portanto, pequenas coisas como escrever neste blog estão para mim, como a lata de espinafres está para o Popeye: bota goela abaixo e cá vai disto!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Pensamentos que me ocorrem quando estou na biblioteca

Cá estou eu de volta a Cádiz, de regresso às madrugadas geladas e húmidas antes de entrar no forno do hospital e às tardes passadas na biblioteca a fingir que se estuda. Apesar de tudo, não me queixo. A vida vai-me correndo bem e já vejo o fim desta longa etapa com alegria, mas, também, com uma pontinha de nostalgia. Quem diria...

Parece-me que tudo se passou demasiado rápido e, simultaneamente, demasiado lentamente. Tenho a sensação de viver em duas realidades paralelas: uma, a real, a do tempo presente; outra, a psicológica, a das constantes viagens no tempo. Se, por vezes, esta sensação é incómoda, outras vezes é como uma verdadeira droga e eu sou a mais viciada de todas as pessoas que a experimentam. Faz-me sentir muito viva e lembra-me o quanto tudo na vida é tão efémero e relativo. Porque a cada passo que dou algo me recorda o que já vivi e me faz pensar em como a minha realidade mudou, em como eu cresci. Céus! A minha mãe disse-me, um dia, que os nossos sentimentos parecem pobres quando traduzidos por palavras e ela estava coberta de razão. Como posso explicar isto? Só posso dizer que me sinto esmagada pela intensidade desta emoção.

Hoje, a biblioteca está quente e cheia de gente e isso só agrava a moleza do meu corpo e a minha pouca vontade de estudar, ao mesmo tempo que me estimula a pensar naquilo que não devo. Sabem como sabemos que estamos velhos numa faculdade? Quando olhamos para as pessoas à nossa volta e quase não reconhecemos ninguém! lol

Observo um dos meus colegas portugueses que se muda de lugar. Ele olha para mim um pouco espantado e eu rio-me. É um malandro cheio de sentido de humor e inteligência, mas não se dá a conhecer facilmente, o que é uma pena. Bom, pelo menos, para mim. Outro, brinca com a caneta, tentando concentrar-se. Quando aqui cheguei, isto era um deserto. Agora, formamos uma comunidade interessante e juntamente com os brasileiros, a coisa fica ainda mais animada. Espero que todas estas pessoas sejam felizes enquanto estiverem aqui e que, um dia, possamos voltar a encontrar-nos.

Hoje, estou com a macaca! Só me apetece dar o grito do Ipiranga, pintar a manta e abraçar todos aqueles que me são queridos. Infelizmente, isso não é possível, pois nem todos estão aqui, fisicamente perto de mim... É a dureza da imigração!

Tenho muitas coisas para dizer. Serei capaz de traduzir os meus sentimentos por palavras? Logo se verá...

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Há coisas que me custam a entender

Ora bem, vamos a ver se explico isto de forma inteligível e resumida. Recentemente, fui convidada por um amigo para fazer parte deste blog e aceitei de imediato, muito contente pelo gesto e entusiasmada com a ideia. Fiz, imediatamente, um post. Entretanto, o tempo passou-se e não tive oportunidade de voltar a fazer novo post, apesar das muitas ideias que me passavam pela cabeça. Andava um nadita aborrecida com isso e esta noite decidi que de hoje não passava. Pois qual não foi a minha surpresa, quando me dou conta de que não me lembro de como entrar, nem sequer estou certa do meu username e password. Faço todas as experiências que me ocorrem e nada! Fico furiosa! Ando cansada e distraída, mas não é para tamanho absurdo! Depois disto e de me ter esquecido do pin do cartão multibanco de uma conta que nunca uso, comecei a pensar que talvez fosse bom ir ao médico... Não percebo como é que acontecem coisas deste género! Enfim, como podem ver, acabei por resolver o problema, mas não sem perder uns bons minutos e me sentir uma perfeita idiota. Por outro lado, aquilo que vinha dizer, o que realmente era importante, parece-me agora demasiada areia para a minha camioneta cansada. Não paro de abrir a boca... De forma que, lá vai ficar outra vez para outro dia...
Feliz 2007 a todos!